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Este blog foi criado com intuito de ajudar as pessoas nas pequenas dúvidas diárias referentes a Língua Portuguesa. Seja bem vindo!

sábado, 30 de julho de 2011

Reforma ortográfica

Cronologia das Reformas Ortográficas na Língua Portuguesa
Séc XVI até ao séc. XX - Em Portugal e no Brasil a escrita praticada era de caráter etimológico (procurava-se a raiz latina ou grega para escrever as palavras).
1907 - A Academia Brasileira de Letras começa a simplificar a escrita nas suas publicações.
1910 - Implantação da República em Portugal – foi nomeada uma Comissão para estabelecer uma ortografia simplificada e uniforme, para ser usada nas publicações oficiais e no ensino.
1911 - Primeira Reforma Ortográfica – tentativa de uniformizar e simplificar a escrita de algumas formas gráficas, mas que não foi extensiva ao Brasil.
1915 - A Academia Brasileira de Letras resolve harmonizar a ortografia com a portuguesa.
1919 - A Academia Brasileira de Letras revoga a sua resolução de 1915.
1924 - A Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras começam a procurar uma grafia comum.
1929 - A Academia Brasileira de Letras lança um novo sistema gráfico.
1931 - Foi aprovado o primeiro Acordo Ortográfico entre o Brasil e Portugal, que visava suprimir as diferenças, unificar e simplificar a língua portuguesa, contudo não foi posto em prática.
1938 - Foram sanadas as dúvidas quanto à acentuação de palavras.
1943 - Foi redigido, na primeira Convenção ortográfica entre Brasil e Portugal, o Formulário Ortográfico de 1943.
1945 - O acordo ortográfico tornou-se lei em Portugal, mas no Brasil não foi ratificado pelo Governo. Os brasileiros continuaram a regular-se pela ortografia anterior, do Vocabulário de 1943.
1971 - Foram promulgadas alterações no Brasil, reduzindo as divergências ortográficas com Portugal.
1973 - Foram promulgadas alterações em Portugal, reduzindo as divergências ortográficas com o Brasil.
1975 - A Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras elaboram novo projeto de acordo, que não foi aprovado oficialmente.
1986 - O presidente brasileiro José Sarney promoveu um encontro dos sete países de língua portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe - no Rio de Janeiro. Foi apresentado o Memorando Sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
1990 - A Academia das Ciências de Lisboa convocou novo encontro juntando uma Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa – as duas academias elaboram a base do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O documento entraria em vigor (de acordo com o 3º artigo do mesmo) no dia 1º de Janeiro de 1994, após depositados todos os instrumentos de ratificação de todos os Estados junto do Governo português.
1996 - O último acordo foi apenas ratificado por Portugal, Brasil e Cabo Verde.
2004 - Os ministros da Educação da CPLP reuniram-se em Fortaleza (Brasil), para propor a entrada em vigor do Acordo Ortográfico, mesmo sem a ratificação de todos os membros.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Ler, escrever e pensar

eja a seguir outro tipo de roteiro. Siga os passos:
1) Interrogue o tema;
2) Responda-o de acordo com a sua opinião;
3) Apresente um argumento básico;
4) Apresente argumentos auxiliares;
5) Apresente um fato-exemplo;
6) Conclua. 

Vamos supor que o tema de redação proposto seja: Nenhum homem vive sozinho. Tente seguir o roteiro:
1. Transforme o tema em uma pergunta: Nenhum homem vive sozinho?
2. Procure responder essa pergunta, de um modo simples e claro, concordando ou discordando (ou concordando em parte e discordando em parte): essa resposta é o seu ponto de vista.
3. Pergunte a você mesmo, o porquê de sua resposta, uma causa, um motivo, uma razão para justificar sua posição: aí estará o seu argumento principal.
4. Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a defender o seu ponto de vista, a fundamentar sua posição. Estes serão os argumentos auxiliares.
5. Em seguida, procure algum fato que sirva de exemplo para reforçar a sua posição. Este fato-exemplo pode vir de sua memória visual, das coisas que você ouviu, do que você leu. Pode ser um fato da vida política, econômica, social. Pode ser um fato histórico. Ele precisa ser bastante expressivo e coerente com o seu ponto de vista. O fato-exemplo geralmente dá força e clareza à argumentação. Além disso, pessoaliza o nosso texto, diferenciando-o dos demais.
6. A partir desses elementos, você terá o rascunho de sua redação.

Redação

Dominar a arte da escrita é um trabalho que exige prática e dedicação. Não existem fórmulas mágicas: o exercício contínuo, aliado à leitura de bons autores, e a reflexão são indispensáveis para a criação de bons textos. Nesta seção, serão apontadas algumas características que você deverá observar na produção de seus textos. Desejamos que as dicas apresentadas sejam bastante úteis a você.
Ler, escrever e pensar

Saber escrever pressupõe, antes de mais nada, saber ler e pensar. O pensamento é expresso por palavras, que são registradas na escrita, que por sua vez é interpretada pela leitura. Como essas atividades estão intimamente relacionadas, podemos concluir que quem não pensa (ou pensa mal), não escreve (ou escreve mal); quem não lê (ou lê mal) não escreve (ou escreve mal).
Ler, portanto, é fundamental para escrever. Mas não basta ler, é preciso entender o que se lê. Entender significa ir além do simples significado das palavras que aparecem no texto. É preciso, também, compreender o sentido das frases, para que se alcance uma das finalidades da leitura: a compreensão de ideias e, num segundo momento, os recursos utilizados pelo autor na elaboração do texto.
Apesar do grande poder dos meios eletrônicos, a leitura é ainda uma das formas mais ricas de informação, pois grande parte do conhecimento nos é apresentado sob forma de linguagem escrita.
Lembre-se: estar bem informado é uma das normas mais importantes para quem quer escrever bem.

domingo, 24 de julho de 2011

Homenagem a minha filha feita por meu filho!


"Pretencioso" ou "Pretensioso"?

Embora muitas pessoas escrevam com "c", a forma correta é "pretensioso", com "s"! A grafia está baseada na seguinte regra: Se o verbo possuir "nd", o substantivo derivado será formado por "ns". Exemplos: pretender/pretensão/pretensioso, compreender/ compreensão/compreensivo

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Dia do AMIGO

Não sei se amigos precisam mesmo de um dia especial para serem lembrados! Vejo que amizade deve ser regada diariamente, Sempre pensei que verdadeiras amizades não se resumem a um dia apenas! Não gosto muito das coisas que são determinadas pelo sistema! Gosto das coisas expontâneas, verdadeiras! As amizades devem ser regadas todos os dias, com carinho, compreensão e amor! para amigos ou amantes, não importa... amizade sincera é fuido da alma! amo muito a vida... os meus amigos tem sido, verdadeiros sustentáculos para minha vida! Amizade é chama que jamais deve ser apagada!

domingo, 3 de julho de 2011

O tempo se encarrega das mudanças

                                                                           
Não existe remédio melhor para o desenvolvimento do corpo que o tempo. Ele nos faz pensar no presente, no passado e no futuro. Nos faz refletir no que realmente somos, fomos ou seremos. Se você assim entende o tempo, sua prença na terra será percebida com louvor, se não for assim, a midiocridade tornará  sua companheira absoluta, e você nem saberá o porquê de sua permanencia aqui. Pense no que realmente te faz feliz, assim contaminará até as suas próximas gerações.! A felicidade e o resultado do absoluto amor!
Bjos

REVISÃO TEXTUAL

Texto Manuscrito


A revisão textual costuma levar em conta os seguintes aspectos:
ESTÉTICA
A estética está relacionada à aparência do texto. Os aspectos gráficos são importantes, pois proporcionam legibilidade aos textos. Veja a seguir os cuidados a serem tomados com textos manuscritos e impressos.
No ambiente escolar ou mesmo acadêmico, a forma mais usual de produzir um texto é escrevendo-o à mão. Para que o texto seja bem entendido pelos leitores, o autor deve tomar cuidado com:
a) Letra
Para ser eficiente na comunicação, a letra deve ser sempre legível, e não necessariamente "bonita". Caracterizam a letra ilegível:
Desenho - A maneira como se escrevem as letras faz parte de uma convenção social que deve ser respeitada. Argumentos do tipo: "Eu escrevo meu M assim", "Esse é o meu jeito de escrever o T", etc, são inaceitáveis. Existe um formato básico que admite pequenas variações individuais, as quais não podem fugir do padrão.
Espaçamento - Espaços muito grandes ou muito pequenos entre as letras de uma palavra podem torná-la ilegível.
Tamanho - A dificuldade de leitura de um texto manuscrito decorre muitas vezes do tamanho desproporcional das letras: ou se escrevem muito grandes, ou tão pequenas que não se consegue ler.
b) Indicação de parágrafo
Para indicar o começo do parágrafo, faz-se um ligeiro afastamento da margem esquerda. Nesse aspecto, os textos costumam apresentar dois tipos de problema: ausência do afastamento na primeira linha do parágrafo ou falta de uniformidade na indicação do início do parágrafo.
c) Margens
Procure manter um pequeno espaço à direita e à esquerda do papel, faça margens regulares e separe corretamente as sílabas.
d) Rasuras
A apresentação é o seu cartão de visitas. Um texto rabiscado pode causar no leitor uma impressão negativa. Para que o texto termine limpo e sem rasuras, é importante fazer todas as alterações que você julgar necessárias no rascunho.

Revisão de Textos

Entende-se por revisão o processo de leitura crítica na qual o escritor questiona seu texto quanto ao conteúdo, organização e linguagem. Ao rever e ao reescrever o texto ele escolhe, entre as inúmeras possibildades oferecidas pela língua para transmitir uma informação, aquela que, dentro do contexto, é mais adequada, precisa e clara.
Avaliando o texto
No processo de composição de um texto, são necessários dois posicionamentos distintos por parte daquele que o escreve. Primeiramente, o escritor atua como emissor da mensagem. Num segundo momento, ao ler o que foi escrito, torna-se leitor crítico do próprio texto. A avaliação do texto consiste em julgar se os objetivos propostos foram atingidos. A leitura crítica deve analisar os seguintes aspectos:
1 - O texto atende ao objetivo proposto?
2 - As ideias estão expressas com clareza?
3 - Predomina no texto uma ideia central?
4 - Há ligação entre as partes do texto?
As respostas a essas perguntas podem direcionar o revisor para a melhora do texto, possibilitando:
- a introdução de mudanças em alguma parte que não lhe pareça suficientemente clara;
- eliminar, acrescentar ou ampliar alguma informação;
- alterar a ordem de algum bloco de informações.
 
Corrigindo o texto
Durante o processo de escrita, é possível que o autor do texto tenha cometido erros de pontuação, ortografia, acentuação, concordância, imprecisão de vocabulário, etc. Nesse caso, a revisão tem o objetivo de identificar e corrigir esses possíveis erros. É necessário estar atento, observando os itens a seguir:
1 - As palavras estão grafadas e acentuadas corretamente? Se houver dúvida, consulte um dicionário ou substitua a palavra por outra sinônima.
2  - O texto está bem pontuado? Para facilitar, evite frases muito longas.
3 -  Há algum erro de concordância?
4 - Há alguma impropriedade quanto ao vocabulário?

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Modernismo - Segunda Fase


Introdução

"Os camaradas não disseram que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento."                                                   (Carlos Drummond de Andrade)

Recebendo como herança todas as conquistas da geração de 1922, a segunda fase do Modernismo brasileiro se estende de 1930 a 1945.
Período extremamente rico tanto em termos de produção poética quanto de prosa, reflete um conturbado momento histórico: no plano internacional, vive-se a depressão econômica, o avanço do nazifascismo e a II Guerra Mundial; no plano interno, Getúlio Vargas ascende ao poder e se consolida como ditador, no Estado Novo. Assim, a par das pesquisas estéticas, o universo temático se amplia, incorporando preocupações relativas ao destino dos homens e ao "estar-no-mundo".
Em 1945, ano do fim da guerra, das explosões atômicas, da criação da ONU e, no plano nacional, da derrubada de Getúlio Vargas, abre-se um novo período na história literária do Brasil.

Momento histórico

O período que vai de 1930 a 1945 talvez tenha testemunhado as maiores transformações ocorridas neste século. A década de 1930 começa sob o forte impacto da crise iniciada com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, seguida pelo colapso do sistema financeiro internacional: é a Grande Depressão, caracterizada por paralisações de fábricas, rupturas nas relações comerciais, falências bancárias, altíssimo índice de desemprego, fome e miséria generalizadas. Assim, cada país procura solucionar internamente a crise, mediante a intervenção do Estado na organização econômica. Ao mesmo tempo, a depressão leva ao agravamento das questões sociais e ao avanço dos partidos socialistas e comunistas, provocando choques ideológicos, principalmente com as burguesias nacionais, que passam a defender um Estado autoritário, pautado por um nacionalismo conservador, por um militarismo crescente c por uma postura anticomunista e antiparlamentar - ou seja, um Estado fascista. É o que ocorre na Itália de Mussolini, na Alemanha de Hitler, na Espanha de Franco e no Portugal de Salazar.
O desenvolvimento do nazifascismo e de sua vocação expansionista, o crescente militarismo e armamentismo, somados às frustrações geradas pelas derrotas na I Guerra Mundial: este é, em linhas gerais, o quadro que levaria o mundo à II Guerra Mundial ( 1939-1945) e ao horror atômico de Hiroxima e Nagasáqui (agosto de 1945).
No Brasil, 1930 marca o ponto máximo do processo revolucionário estudado nos dois capítulos anteriores, ou seja, é o fim da República Velha, do domínio das velhas oligarquias ligadas ao café e o início do longo período em que Vargas permaneceu no poder.
A eleição de 1°- de março de 1930 para a sucessão de Washington Luís representava a disputa entre o candidato Getúlio Vargas, em nome da Aliança Liberal, que reunia Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, e o candidato oficial Júlio Prestes, paulista, que contava com o apoio das demais unidades da Federação. O resultado da eleição foi favorável a Júlio Prestes; entretanto, entre a eleição e a posse, que se daria em novembro, estoura a Revolução de 30, em 3 de outubro, ao mesmo tempo que a economia cafeeira sente os primeiros efeitos da crise econômica mundial.
A Revolução de 30, que levou Getúlio Vargas a um governo provisório, contava com o apoio da burguesia industrial, dos setores médios e dos tenentes responsáveis pelas revoltas na década de 1920 (exceção feita a Luís Carlos Prestes, que, no exílio, havia optado claramente pelo comunismo). Desenvolve-se, assim, uma política de incentivo à industrialização e à entrada de capital norte-americano, em substituição ao capital inglês.
Uma tentativa contra-revolucionária partiu de São Paulo, em 1932, como resultado da frustração dos paulistas com a Revolução de 30: a oligarquia cafeeira sentia-se prejudicada pela política econômica de Vargas; as classes médias e a burguesia temiam as agitações sociais; e, para coroar o descontentamento, Vargas havia nomeado um interventor pernambucano para São Paulo. A chamada Revolução Constitucionalista explodiu em 9 de julho, mas não logrou êxito. Se Guilherme de Almeida foi o poeta da Revolução paulista, tendo produzido vários textos ufanistas, Oswald de Andrade foi seu romancista crítico, como atesta seu livro Marco zero - a revolução melancólica.
Ainda em 32, a ideologia fascista encontra ressonância no nacionalismo exacerbado do Grupo Verde-Amarelo, liderado por Plínio Salgado, fundador da Ação Integralista Brasileira. Ao mesmo tempo crescem no Brasil as forças de esquerda. Em 1934, elas formam uma frente única: a ANL - Aliança Nacional Libertadora. Tornam-se freqüentes os choques entre a extrema-direita e os membros da ANL, até que o governo federal manda fechá-la, por "atividade subversiva de ordem política e social", em julho de 1935. Entretanto, na clandestinidade, a ANL tenta uma revolução, em novembro desse mesmo ano, "contra o imperialismo e o fascismo" e "por um governo popular nacional revolucionário". Os revoltosos previam uma rebelião militar imediatamente acompanhada por revoltas populares, mas o movimento não foi além de três unidades militares, logo derrotadas; milhares de pessoas foram aprisionadas, e o governo obteve um pretexto para endurecer o regime.
Getúlio Vargas, auxiliado pelos integralistas, inicia sua ditadura em 10 de novembro de 1937. O chamado Estado Novo será um longo período antidemocrático, anticomunista, baseado num nacionalismo conservador e na idolatria de um chefe único: Getúlio Vargas. Essa situação se prolongará até 29 de outubro de 1945, quando, pressionado, Getúlio renuncia.
Diante desses significativos acontecimentos, Carlos Drummond de Andrade publica, em 1945, um poema intitulado "Nosso tempo", que revela o estado de ânimo da parcela mais consciente da sociedade:

"Este é tempo de partido,
tempo de homens partidos.
Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.
(...)"

Características

A poesia da segunda fase do Modernismo representa um amadurecimento e um aprofundamento das conquistas da geração de 1922: é possível perceber a influência exercida por Mário e Oswald de Andrade sobre os jovens que iniciaram sua produção poética após a realização da Semana. Lembramos, a propósito, que Carlos Drummond de Andrade dedicou seu livro de estréia, Alguma poesia (1930), a Mário de Andrade. Murilo Mendes, com seu livro História do Brasil, seguiu a trilha aberta por Oswald, repensando nossa história com muito humor e ironia, como ilustra o poema "Festa familiar":

"Em outubro de 1930
Nós fizemos - que animação!
Um pic-nic com carabinas."
Formalmente, os novos poetas continuam a pesquisa estética iniciada na década anterior, cultivando o verso livre e a poesia sintética, de que é exemplo ó poema "Cota zero", de Drummond:
"Stop. A vida parou
ou foi o automóvel'?"

Entretanto, é na temática que se percebe uma nova postura artística: passa-se a questionar a realidade com mais vigor e, fato extremamente importante, o artista passa a se questionar como indivíduo e como artista em sua "tentativa de explorar e de interpretar o estar no mundo". O resultado é uma literatura mais construtiva e mais politizada, que não quer e não pode se afastar das profundas transformações ocorridas nesse período; daí também o surgimento de uma corrente mais voltada para o espiritualismo e o intimismo, caso de Cecília Meireles, de Jorge de Lima, de Vinícius de Moraes e de Murilo Mendes em determinada fase.
É um tempo de definições, de compromissos, do aprofundamento das relações entre o "eu" e o mundo, mesmo com a consciência da fragilidade do "eu". Observemos três momentos de Carlos Drummond de Andrade em seu livro Sentimento do mundo (o título é significativo), com poesias escritas entre 1935 e 1940:

"Tenho apenas duas mãos / e o sentimento do mundo"
Mais adiante, em verdadeira profissão de fé, declara:
"Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo, por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos."

Essa consciência de ter "apenas" duas mãos e de o mundo ser tão grande, longe de significar derrotismo, abre como perspectiva única para enfrentar esses tempos difíceis a união, as soluções coletivas:

"O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas."